Dorme atleta - Coaching Esportivo - Linhares Coach

Dorme atleta – Coaching Esportivo – Linhares Coac

No famoso estudo com violinistas (1) que Malcolm Gladwell popularizou como a “Regra das 10 Mil Horas”, K. Anders Ericsson descobriu que os melhores violinistas passavam mais tempo estudando do que os colegas que eram apenas bons.

Esse resultado comprova a lógica do essencialista ao mostrar que a maestria exige esforço concentrado e deliberado. É encorajador aprender que a excelência está em nossa esfera de influência e não é uma bênção concedida apenas aos naturalmente mais talentosos.

Mas também chega muito perto de estimular a mentalidade não essencialista de “tenho que fazer tudo”, esse mito pernicioso capaz de justificar mais e mais horas de trabalho com um retorno cada vez menor.
No entanto, tudo fica muito claro quando examinamos uma descoberta menos conhecida do mesmo estudo: que o segundo fator mais importante para diferenciar os melhores dos bons violinistas era, na verdade, o sono.

Os melhores violinistas dormiam, em média, 8,6 horas por dia: cerca de uma hora a mais do que a média dos americanos. No período de uma semana, também cochilavam, em média, 2,8 horas à tarde: cerca de duas horas a mais do que a média.

Os autores do estudo concluíram que o sono permitia que esses músicos de alto desempenho se recuperassem para estudar com mais concentração. Portanto, além de estudar mais, eles também produziam mais resultados naquelas horas de estudo porque estavam mais descansados.
No artigo “Déficit de sono: o exterminador do desempenho” publicado na revista Harvard Business Review, Charles A. Czeisler, professor de Medicina do Sono da Faculdade de Medicina de Harvard, explicou como a privação de sono prejudica a performance.

Ele compara o déficit de sono a beber em excesso e conclui que virar uma noite (ou seja, ficar 24 horas sem dormir) ou passar a semana dormindo apenas quatro ou cinco horas por noite “induz uma debilidade equivalente à causada quando um indivíduo está com nível de 0,1% de álcool na corrente sanguínea.

Pense bem: jamais diríamos ‘Como ele é trabalhador! Passa o tempo todo bêbado!’, mas continuamos a exaltar quem sacrifica o sono para trabalhar”(3).

Embora o sono costume ser associado ao descanso do corpo, pesquisas recentes mostram que na verdade o sono descansa mais o cérebro. Um estudo da Universidade de Lüebeck, na Alemanha, comprova que um boa noite de sono pode aumentar o poder cerebral e melhorar a capacidade de resolver problemas.

No estudo, publicado na revista Nature, mais de 100 voluntários receberam um quebra-cabeça numérico com um detalhe pouco convencional: era preciso descobrir um “código oculto” para encontrar a resposta.

Os voluntários foram divididos em dois grupos; um pôde dormir oito horas ininterruptas, o outro foi interrompido enquanto dormia. Então os cientistas observaram quais voluntários encontraram o código oculto.

O resultado foi que, comparando-se aos voluntários que não dormiram bem, o dobro de pessoas do grupo que dormiu oito horas resolveu o problema. Os pesquisadores explicaram que, enquanto dormimos, o cérebro trabalha intensamente para codificar e reestruturar informações.

Portanto, quando acordamos, o cérebro pode ter feito novas conexões neurais e, assim, permitir uma variedade maior de soluções para os problemas, literal mente da noite para o dia.
Uma boa notícia tanto para quem acorda com as galinhas quanto para quem vai dormir com as corujas: a ciência mostra que até um cochilo pode aumentar a criatividade.

Para dar apenas um exemplo, um relatório do periódico Proceedings of the National Academy of Sciences revelou que até um único ciclo de REM – rapid eye movement ou movimento rápido dos olhos – melhora a integração de informações não associadas.

Em outras palavras, basta um breve período de sono profundo para nos ajudar a fazer o tipo de conexões novas que nos permite explorar melhor o mundo.

Resumindo, é o sono que nos permite funcionar no nível máximo de contribuição e realizar mais em menos tempo. Em bora a cultura do super-homem que não precisa dormir ainda persista, o estigma está diminuindo, graças, em parte, a alguns grandes líderes – sobretudo em setores que costumam enaltecer aqueles que viram as noites – que se gabaram publicamente de dormir oito horas seguidas.

Essas pessoas (muitas delas ver dadeiros essencialistas) sabem que hábitos de sono saudáveis lhes dão uma imensa vantagem competitiva.
Jeff Bezos, fundador da Amazon.com, é um deles: “Fico mais alerta e penso com mais clareza. Simplesmente me sinto muito melhor o dia inteiro depois de dormir oito horas.” Outro é Mark Andreessen, um dos fundadores da Netscape e ex limitador do sono que costumava trabalhar até altas horas da madrugada e mesmo assim estava em pé às sete da manhã. Ele confessou: “Eu passava o dia inteiro com vontade de vol tar para casa e dormir.” Hoje sabe a importância do sono: “Se durmo sete horas meu desempenho já se altera. Seis e ele fica abaixo do ideal. Cinco é um grande problema. Quatro me trans formam em zumbi.” Nos fins de semana, ele dorme 12 horas ou mais. “Faz uma grande diferença na minha capacidade de ação”, explicou.

Esses executivos foram citados em um artigo intitulado “Dormir é o novo símbolo de status dos empreendedores de sucesso” (5). Nancy Jeffrey, do The Wall Street Journal.

DORME ATLETA – O ATLETA E O SONO

Uma noite de sono é fundamental para atletas de alto nível e também para aqueles que praticam esporte por lazer. Pesquisas apontam que dormir mais pode melhorar sensivelmente o desempenho físico.

Passar noites dormindo pouco afeta diretamente sua saúde e desencadeia mau humor, irritabilidade, estresse, depressão, falta de apetite, desânimo, e ainda inibe o crescimento e o desenvolvimento psicomotor.

A explicação para tudo isso é a seguinte: no período da noite nosso corpo libera melatonina, um hormônio que regula nosso relógio biológico, induzindo ao sono.

Durante o sono produzimos o GH, o famoso “hormônio do crescimento”, cuja função é manter o tônus muscular. Desta maneira, o acúmulo de gordura é evitado e o desempenho físico de uma forma geral melhora.
Uma pesquisa (6) feita em cima do time de basquete da Universidade de Stanford, na Califórnia – EUA, obteve resultados interessantes. Jogadores que dormiam de 6 a 9 horas melhoraram a pontaria em 9%.

Um outro estudo mostrou que uma dormidinha de 26 minutos foi capaz de melhorar o desempenho de pilotos da NASA (7) em 34%. E a privação de sono a noite afeta a agilidade mental no dia seguinte. Sabe-se que Ayrton Senna, o campeão do automobilismo, chegava a dormir 12 horas por dia.

O SONO DOS VENCEDORES: DORMIR BEM AJUDA O ATLETA – DORME ATLETA

– Auxilia o desempenho cardiovascular mantendo a oxigenação do sangue em níveis normais, evitando a sensação de fadiga. Isso também ajuda a manter a temperatura corporal regulada;
– Dormir bem é tão importante quanto ter uma boa alimentação, ajustar seu colchão para as suas necessidades também é uma forma de garantir o máximo de descanso e desempenho muscular;
– Atletas e pessoas que mantêm a rotina de praticar exercícios físicos devem ter em mente a importância do sono na recuperação muscular e os benefícios de dormir bem para garantir dias de treinos muito mais proveitosos e cheios de energia;
– O resultado de 6 a 9 horas de sono é uma maior recuperação muscular, beneficiando o desempenho e a rapidez do atleta;
– Ficou comprovado também que é necessário ter a prática de dormir bem toda noite e não apenas antes dos dias de treino para a boa rotina de recuperação muscular.

REFERÊNCIAS

1 Gladwell, Malcolm, 1963- Fora de série: Outliers – Rio de Janeiro: Sextante, 2008. pág 42.

2 K. Anders Ericsson, Ralf Th. Krampe e Clemens Tesch-Romer, “The Role of Deliberate Practice in the Acquisition of Expert Performance”, Psychological Review, 100, nº 3, 1993, pp. 363-406, http://graphics8.nytimes.com/images/blogs/freakonomics/pdf/ DeliberatePractice(Psychological Review).pdf.

3 Charles A. Czeisler, “Sleep Deficit: The Performance Killer”, entrevista a Bronwyn Fryer, Harvard Business Review, outubro de 2006, http://hbr.org/2006/10/sleep-deficit-the-performance-killer.

4 Ullrich Wagner et al., “Sleep Inspires Insight”, Nature, 427, 22 de janeiro de 2004, pp. 352-355. Outro estudo confirma a ideia: Michael Hopkin, “Sleep Boosts Lateral Thinking”, Nature on-line, 22 de janeiro de 2004, ww.nature.com/news/2004/040122/full/news040119-10.html.

5 Nancy Ann Jeffrey, “Sleep Is the New Status Symbol For Successful Entrepreneurs”, The Wall Street Journal, 2 de abril de 1999, http://online.wsj.com/article/SB923008887262090895.html. 5 Erin Callan, “Is There Life After Work?”, The New York Times, 9 de março de 2013, www.ny times.com/2013/03/10/opinion/sunday/is-there-life-after-work.html?_r=0.

6 Manual do Sono. Colchões Ortobom. Pagina 66.

7 Medina, John. Aumente o poder do seu cérebro. Rio de Janeiro: Sextante, 2010.p.11

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